domingo, 11 de novembro de 2012

Uma luta diferente - a defesa do CIC

Sempre fui uma pessoa de luta. Acho que essa foi a herança maior da minha mãe. Nunca fui de me acomodar com o curso dos acontecimentos e, a minha formação acadêmica, me condicionou a acreditar que nós podemos, sim, mudar a história.
Já enfrentei muitas batalhas. A palavra participação sempre fez parte da minha vivência cotidiana. Talvez porisso o meu principal tema de pesquisa na universidade, tenha sido , a política fora das instituições, os movimentos sociais, a política que nascia nas ruas, nos grupos, nas associações.
Viví a minha adolescência e parte da minha juventude durante o regime militar mas, a minha geração soube criar formas diferentes de expressão do seu descontentamento com o status quo ( a música, o teatro, e até o esporte). Com o início do processo de redemocratização do país, participei ativamente da construção do movimento docente na universidade; de campanhas como a "Diretas Já"; do processo de fortalecimento do Partido dos Trabalhadores. E, no cotiiano da vida comum, sempre estive do lado dos mais fracos, procurando apoiar as suas causas.
Na grande maioria das lutas que travei, encontrei interlocutores dispostos ao diálogo e a negociação. Afinal, vivíamos a reconstrução da democracia no país.
Hoje, na quietude da minha aposentadoria, decidi assumir mais uma causa: a defesa do colégio onde passei toda a minha vida estudantil, assumindo a presidência da associação de suas ex-alunas. Alguns meses depois, fomos surpreendidos com a decisão da Congregação das Irmãs Dorotéias de fechar aquele estabelecimento de ensino e, desde o momento da comunicação dessa decisão, assumí a luta dos que fazem o movimento "Eternamente CIC".   Um movimento diferente de todos os demais que eu participei. Em muitos aspectos, mas, principalmente, na ausência de diálogo, na intolerância dos opositores ( as freiras que dirigem a província nordeste das Irmãs Dorotéias) e no desrespeito ao direito de expressão que professores, funcionários, pais e ex-alunos têm, diante da decisão da congregação de fechar o colégio.
Lamentável ver esse tipo de atitude em religiosas que pregam a misericórdia, a caridade, e a humildade, e que tiveram a sua formação espelhada no exemplo de Santa Paula Frassinetti (a fundadora da congregação).
No interior do Colégio Imaculada Conceição, impera o medo, sobretudo das irmãs que formam a comunidade de Natal. A grande maioria, em idade avançada, sofre com as incertezas em relação ao seu futuro e ao futuro da escola.
A experiência que fui adquirindo no decorrer da minha história aponta para a derrota de nossa luta. O CIC fechará e não há possibilidade de se discutir nehuma proposta alternativa. Mas, a nossa luta tem que continuar. Não podemos permitir que a especulação imobiliária destrua o prédio centenário. A nossa luta agora é pelo tombamento daquele prédio que, desde 1906 abriga o colégio e a comunidade religiosa. O prédio que abriga memórias e histórias de tantas gerações de norte-riograndenses. A luta agora é de toda a sociedade. Precisamos do apoio dos governantes, das instituições de cultura, da sociedade como um todo, para frear qualquer tentativa de enterrar, por completo, a memória de tão importante estabelecimento de ensino.
Essa tem sido uma luta diferente mas, ela tem que continuar...  

3 comentários:

  1. Nossa, Ilza, tão triste ver uma parte da história da educação do RN ser apagada assim...Não sei se em Fortaleza também está acontecendo isso, tenho uma irmã e primas que estudaram no CIC de lá.Tenha meu apoio.

    Abraço

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  2. O colégio de Fortaleza já fechou para tristeza de tantos que por lá passaram.

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  3. Pica Pau disse:
    com certeza aparecerão construtoras loucas para "tombar" quele patrimônio.
    Junte a essas construtotas a parte gananciosa da igreja (note que escreví "parte gananciosa" -tenho o maior respeito pela igreja católica - que teremos o par perfeito.
    Como disse um ministro da ditadura: " que importa um prédio centenário, a gente derruba e contrói mais cem, fica tudo igual."
    Não sei se tal ministro existiu, mas afirmações entre aspas da maior credibidade.
    Acredito, minha querida Ilzinha, que você entrou numa batalha perdida mas tentou ganha-lá.
    Tenho o maior respeito por essa luta pelo CIC mas o bom humor do Pica Pau prevalece: Tenta salvar o Palmeiras da segunda divisão prá ver se você consegue?


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