segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

E 2013 está chegando ao fim.

Caros amigos,
O ano de 2013 dá seus últimos suspiros. Com eles vão-se os 365 dias de muita turbulência. O Brasil lembrará para sempre desse ano como um ano de rupturas: novas formas de manifestações populares emparedando o poder constituído; políticos sendo condenados e presos por corrupção; a "desorganização social"nas ruas das principais cidades do país; o caos da saúde e as respostas precipitadas do governo federal; a desorganizada preparação para a Copa do Mundo. No plano pessoal, realização de antigos sonhos mas também a ocorrência de perdas de pessoas queridas. A doença invadindo o círculo restrito de familiares e amigos, trazendo tristeza...
Comecemos um novo ano. Cheios de esperança,em dias melhores. Movidos pela energia da mudança que nos levará a um novo tempo.
2014 trará de volta o blog Ilza Leão como um mecanismo mais efetivo de comunicação entre nós. FELIZ ANO NOVO!!!!   

quarta-feira, 10 de abril de 2013

A perpetuação do Pão e Circo

No Império romano, "os Césares encarregavam-se ao mesmo tempo de alimentar o povo e de distraí-lo.
Havia distribuição mensal de pães no Pórtico de Minucius, que assegurava o pão cotidiano. Os Cesares não deixavam a plebe romana bocejar nem de fome nem de aborrecimento. Os espetáculos foram a grande diversão para a desocupação dos seus súditos, e por conseqüência o seguro instrumento do seu absolutismo. Isso era um obstáculo a Revolução em uma Urbe onde as massas incluíam 150.000 homens desocupados que o auxílio da assistência pública dispensava de procurar trabalho."


Alguns mil anos depois...

"Guamaré e Macau gastaram R$13 milhões com festas" (Tribuna do Norte, 10 de abril de 2013).
Segundo dados do Ministério Público Estadual, as prefeituras de Guamaré e Macau, no Rio Grande do Norte, gastaram 90% dos royaltes e 70% do Fundo de Participação dos Municípios com festas. Os dois municípios, apesar de produtores de gás natural e sal, estão entre os que detêm um baixo Índice de Desenvolvimento Humano-IDH, do estado. A miséria em Guamaré virou paisagem natural, mesmo com os recursos do petróleo-gás, gastos, como agora se sabe, na promoção de festas populares em diferentes datas, dentre elas o carnaval. Contratações super faturadas enchiam os bolsos dos governantes e seus auxiliares com a conivência dos "artistas" contratados.
A receita que dava certo em Roma continua a ser adotada onde a miséria campeia. Agora o pão vem dos programas assistencialistas do governo federal e o circo é assegurado pelos governos municipais.
E o povo? aplaude, reelege os governantes e se inebria de prazer nos espetáculos dos "novos circos". E fica doente sem hospital, analfabeto sem escola, e mora debaixo da ponte por falta de moradia. Isso é BRASIL!!!!!!!!! 

terça-feira, 9 de abril de 2013

Jogando palavras num papel em branco

Nada como uma folha branca para descarregar sentimentos. É assim que pensam todos os que têm na escrita um grande prazer.
Hoje acordei com uma vontade imensa de encher o papel em branco. E a pergunta logo se fez presente em minha mente: escrever sobre o que? Sobre nada específico. Apenas pelo prazer de botar prá fora sentimentos, medos, angústias, saudades...
A diminuição de nossos afazeres, que chega com a aposentadoria e a idade, traz muitas vezes, uma sensação de vazio, de está fora do mundo, o que vem acompanhado de momentos passageiros de solidão. O barulho, o burburinho dos corredores foi substituído pelo silêncio. E é preciso aprender a ver no silêncio, a sua dimensão de encontro com você mesmo. Sim, sei que isso não é fácil. É mais fácil, mais prático, "mais alegre", encontrar pessoas, dá risadas, saber dos outros. Esconder de você mesma o lixo acumulado em sua mente e em seu coração. Esse, atrapalha, lhe torna melancólica, macambúzia, chata, até.
A maturidade é um grande aprendizado para a vivência do silêncio. E a meditação nos ajuda a retirar, do silêncio, aquele lixo acumulado. Não imediatamente, pois o lixo que levou anos para se fixar alí, gerou sentimentos, atitudes, erros e acertos na vida. A depuração da nossa atividade mental vai acontecendo aos poucos, com dificuldades e também sofrimento.
Não acredito em quem afirma não ter problemas, angústias ou tristezas. Em quem faz apologia da risada eterna. Nada contra a risada. Ela lava a alma, renova o nosso ânimo e aumenta o nível de serotonina em nosso corpo. Mas a vida é feita de contradições, de altos e baixos que nos surpreendem e mexem com a nossa alma. Saber processar essa parafernália de sentimentos contraditórios é o desafio das pessoas sábias. E para isso é fundamental sair da turbulência e ir ao encontro de você mesmo. Fazer o caminho do filho pródigo de volta à casa do Pai, onde há alegria verdadeira, serenidade e paz. Que possamos fazer esse caminho mesmo que para isso seja necessário juntar os cacos que vão aparecendo subitamente nesse caminho de volta.  


domingo, 17 de fevereiro de 2013

Cheguei aos sessenta

Cheguei aos sessenta e, curiosamente, fiquei muito feliz com isso. Primeiro porque não me sinto velha (como eram velhas as pessoas de 60 anos da geração da minha mãe) e ainda acalento sonhos. Ainda tenho a pretensão juvenil de mudar o mundo, não mais fazendo a revolução social, mas transformando o meu modo de ser e influenciando mudanças naqueles que me rodeiam. A Yoga foi fundamental em minha vida. Amansou a fera que existia dentro de mim, me deu serenidade, me ajudou a olhar com mais complascência para os que estão ao meu redor. Me ensinou a importância do silêncio e isso tudo fez uma diferença enorme em minha vida. Foi fácil chegar até aqui? Não, mas também não foi tão difícil. 

A minha geração lutou por mudanças numa conjuntura que valorizava o novo. Não vivencianos nenhuma grande guerra e nem fomos vitimados por nenhuma grande catástrofe. Assistimos pela TV (preto e branca), o homem chegar à lua e o Brasil tricampeão do mundo; vivenciamos uma nova revolução tecnológica que nos trouxe o computador, a internet, o telefone celular e todas as novidades no campo da comunicação, que transormaram o mundo numa "aldeia global" (McLuhan); acompanhamos  o feito do Dr. Barnard no primeiro transplante de coração, no mundo; assistimos a chegada do primeiro bebê de proveta...Vivenciamos uma ditadura sem sofrer os horrores da geração anterior e ajudamos a reconstruir a democracia. Fui às ruas pedir pelas "Diretas Já", estive presente em movimentos sociais que dinamizaram a vida das cidades brasileiras nos anos 70, fui sindicalista, militante e outras cositas más..Viví uma Natal diferente, cheia de charme e de encantos. Brinquei carnavais de verdade nos blocos de minha juventude, fui atleta e até toquei bateria em banda de rock. Namorei muito, casei, tive filhas lindas que só me trouxeram alegria. O passar dos anos trouxe-me netos, e minha vida ficou mais doce.
No campo profissional me tornei professora e ajudei a formar algumas gerações de sociólogos, advogados, assistentes sociais, arquitetos e professores. Galguei todos os degraus da vida unversitária com o esforço do meu trabalho e me tornei professora titular da UFRN contrariando a vontade de muitos. 

Também tive grandes perdas que me trouxeram sofrimento. Perdí minha mãe que eu amava mais que tudo, perdí uma das mimhas primeiras netas, perdí amigos e parentes queridos. Tive momentos de dor intensa mas também de grandes alegrias.

Cheguei inteira aos sessenta anos. Sei que não tenho mais a força física da juventude (o joelho já me impede grandes aventuras) mas a sabedoria da maturidade vem transformando meus ideais, meus valores, minha concepção de mundo.
Sou sexagenária, sim. E sem traumas. Não faço apologia da velhice. Não acho que essa é a melhor idade, mas colho com alegria os frutos que plantei ao longo da minha vida: uma família linda, respeito profissional e saúde para continuar vivendo e sonhando com um mundo melhor.