segunda-feira, 21 de junho de 2021

500.000 pessoas mortas por COVID.

Não é hora de ir pras ruas


 
No último final de semana o país atingiu a incrível marca de 500.000 mortes, desde o inicio da pandemia em março do ano passado. Mais de meio milhão de familias brasileiras conheceram a triste experiência da dor e do sofrimento. Milhares de pessoas perderam entes queridos: pais, filhos, esposa(o), irmãos, primos, tios, avós, amigos...Familias inteiras sucumbiram à tragédia do desmoronamento total. E, novamente, pessoas foram às ruas, ignorando a orientação das autoridades sanitárias de "Fique em casa".
Em nome do protesto com o descaso do governo federal com a tragédia pandêmica; contra a atitude grotesca dos apoiadores do Senhor Presidente, minimizando o poder letal do coronavírus, forças de esquerda conclamaram a população para ir às ruas no último sábado. E, assim fazendo, se assemelharam àqueles contra os quais o protesto foi organizado. A diferença apontada pelos organizadores é que todos estariam de máscara (nem todos), ainda numa resposta coletiva ao presidente que sonha em abolir o uso de máscaras no Brasil. De resto, tudo era igual.

Olhando as cenas pela televisão, lembrei das palavras de José de Souza Martins, em live recente com alguns intelectuais brasileiros. Na sua participação ele falava ser o Brasil um "país sem esperança". Fiquei a pensar como ter esperança num país em que a política se assemelha a um jogo de futebol,  à lapinha de um pastoril, onde todos jogam\dançam da mesma forma, com o intuito de se sobrepujar aos seus concorrentes. 

Sou uma pessoa que trilhou parte de sua carreira acadêmica, estudando o tema dos movimentos sociais, da ação coletiva como um todo, acreditando ser esse o fermento mais legítimo das sociedades democráticas. Mas a ação coletiva pode se realizar de diferentes formas, conforme mudem os contextos e os motivos que impulsionam a ação. No Brasil, os partidos e grupos políticos parecem não terem entendido essa parte da lição. As manifestações se repetem, com o mesmo sentido e nos mesmos lugares, o que não desperta  a curiosidade da grande maioria da população que continua apática... 

No atual momento de dor, o repicar do sino das igrejas do país, numa mesma hora, o protesto silencioso da ONG que depositou flores na areia da praia de Copacabana, o silencio respeitoso dos estádios de futebol, expressa de forma muito mais significativa, a revolta de tantos... Muito mais que as aglomerações, os carros de som, os discursos inflamados contra os opositores.

Com toda a certeza, a pandemia, dentre outras coisas, exige que ressignifiquemos a política, assim como devemos ressignificar a vida... 

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