terça-feira, 9 de abril de 2013

Jogando palavras num papel em branco

Nada como uma folha branca para descarregar sentimentos. É assim que pensam todos os que têm na escrita um grande prazer.
Hoje acordei com uma vontade imensa de encher o papel em branco. E a pergunta logo se fez presente em minha mente: escrever sobre o que? Sobre nada específico. Apenas pelo prazer de botar prá fora sentimentos, medos, angústias, saudades...
A diminuição de nossos afazeres, que chega com a aposentadoria e a idade, traz muitas vezes, uma sensação de vazio, de está fora do mundo, o que vem acompanhado de momentos passageiros de solidão. O barulho, o burburinho dos corredores foi substituído pelo silêncio. E é preciso aprender a ver no silêncio, a sua dimensão de encontro com você mesmo. Sim, sei que isso não é fácil. É mais fácil, mais prático, "mais alegre", encontrar pessoas, dá risadas, saber dos outros. Esconder de você mesma o lixo acumulado em sua mente e em seu coração. Esse, atrapalha, lhe torna melancólica, macambúzia, chata, até.
A maturidade é um grande aprendizado para a vivência do silêncio. E a meditação nos ajuda a retirar, do silêncio, aquele lixo acumulado. Não imediatamente, pois o lixo que levou anos para se fixar alí, gerou sentimentos, atitudes, erros e acertos na vida. A depuração da nossa atividade mental vai acontecendo aos poucos, com dificuldades e também sofrimento.
Não acredito em quem afirma não ter problemas, angústias ou tristezas. Em quem faz apologia da risada eterna. Nada contra a risada. Ela lava a alma, renova o nosso ânimo e aumenta o nível de serotonina em nosso corpo. Mas a vida é feita de contradições, de altos e baixos que nos surpreendem e mexem com a nossa alma. Saber processar essa parafernália de sentimentos contraditórios é o desafio das pessoas sábias. E para isso é fundamental sair da turbulência e ir ao encontro de você mesmo. Fazer o caminho do filho pródigo de volta à casa do Pai, onde há alegria verdadeira, serenidade e paz. Que possamos fazer esse caminho mesmo que para isso seja necessário juntar os cacos que vão aparecendo subitamente nesse caminho de volta.  


Um comentário:

  1. Ainda estou longe de me aposentar, mas sei bem do que você está falando... Entendo desses silêncios e, também, dos barulhos internos... Te amo!

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