Hoje acordei com uma vontade imensa de encher o papel em branco. E a pergunta logo se fez presente em minha mente: escrever sobre o que? Sobre nada específico. Apenas pelo prazer de botar prá fora sentimentos, medos, angústias, saudades...
A diminuição de nossos afazeres, que chega com a aposentadoria e a idade, traz muitas vezes, uma sensação de vazio, de está fora do mundo, o que vem acompanhado de momentos passageiros de solidão. O barulho, o burburinho dos corredores foi substituído pelo silêncio. E é preciso aprender a ver no silêncio, a sua dimensão de encontro com você mesmo. Sim, sei que isso não é fácil. É mais fácil, mais prático, "mais alegre", encontrar pessoas, dá risadas, saber dos outros. Esconder de você mesma o lixo acumulado em sua mente e em seu coração. Esse, atrapalha, lhe torna melancólica, macambúzia, chata, até.
A maturidade é um grande aprendizado para a vivência do silêncio. E a meditação nos ajuda a retirar, do silêncio, aquele lixo acumulado. Não imediatamente, pois o lixo que levou anos para se fixar alí, gerou sentimentos, atitudes, erros e acertos na vida. A depuração da nossa atividade mental vai acontecendo aos poucos, com dificuldades e também sofrimento.
Não acredito em quem afirma não ter problemas, angústias ou tristezas. Em quem faz apologia da risada eterna. Nada contra a risada. Ela lava a alma, renova o nosso ânimo e aumenta o nível de serotonina em nosso corpo. Mas a vida é feita de contradições, de altos e baixos que nos surpreendem e mexem com a nossa alma. Saber processar essa parafernália de sentimentos contraditórios é o desafio das pessoas sábias. E para isso é fundamental sair da turbulência e ir ao encontro de você mesmo. Fazer o caminho do filho pródigo de volta à casa do Pai, onde há alegria verdadeira, serenidade e paz. Que possamos fazer esse caminho mesmo que para isso seja necessário juntar os cacos que vão aparecendo subitamente nesse caminho de volta.
Ainda estou longe de me aposentar, mas sei bem do que você está falando... Entendo desses silêncios e, também, dos barulhos internos... Te amo!
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