quarta-feira, 10 de abril de 2013

A perpetuação do Pão e Circo

No Império romano, "os Césares encarregavam-se ao mesmo tempo de alimentar o povo e de distraí-lo.
Havia distribuição mensal de pães no Pórtico de Minucius, que assegurava o pão cotidiano. Os Cesares não deixavam a plebe romana bocejar nem de fome nem de aborrecimento. Os espetáculos foram a grande diversão para a desocupação dos seus súditos, e por conseqüência o seguro instrumento do seu absolutismo. Isso era um obstáculo a Revolução em uma Urbe onde as massas incluíam 150.000 homens desocupados que o auxílio da assistência pública dispensava de procurar trabalho."


Alguns mil anos depois...

"Guamaré e Macau gastaram R$13 milhões com festas" (Tribuna do Norte, 10 de abril de 2013).
Segundo dados do Ministério Público Estadual, as prefeituras de Guamaré e Macau, no Rio Grande do Norte, gastaram 90% dos royaltes e 70% do Fundo de Participação dos Municípios com festas. Os dois municípios, apesar de produtores de gás natural e sal, estão entre os que detêm um baixo Índice de Desenvolvimento Humano-IDH, do estado. A miséria em Guamaré virou paisagem natural, mesmo com os recursos do petróleo-gás, gastos, como agora se sabe, na promoção de festas populares em diferentes datas, dentre elas o carnaval. Contratações super faturadas enchiam os bolsos dos governantes e seus auxiliares com a conivência dos "artistas" contratados.
A receita que dava certo em Roma continua a ser adotada onde a miséria campeia. Agora o pão vem dos programas assistencialistas do governo federal e o circo é assegurado pelos governos municipais.
E o povo? aplaude, reelege os governantes e se inebria de prazer nos espetáculos dos "novos circos". E fica doente sem hospital, analfabeto sem escola, e mora debaixo da ponte por falta de moradia. Isso é BRASIL!!!!!!!!! 

terça-feira, 9 de abril de 2013

Jogando palavras num papel em branco

Nada como uma folha branca para descarregar sentimentos. É assim que pensam todos os que têm na escrita um grande prazer.
Hoje acordei com uma vontade imensa de encher o papel em branco. E a pergunta logo se fez presente em minha mente: escrever sobre o que? Sobre nada específico. Apenas pelo prazer de botar prá fora sentimentos, medos, angústias, saudades...
A diminuição de nossos afazeres, que chega com a aposentadoria e a idade, traz muitas vezes, uma sensação de vazio, de está fora do mundo, o que vem acompanhado de momentos passageiros de solidão. O barulho, o burburinho dos corredores foi substituído pelo silêncio. E é preciso aprender a ver no silêncio, a sua dimensão de encontro com você mesmo. Sim, sei que isso não é fácil. É mais fácil, mais prático, "mais alegre", encontrar pessoas, dá risadas, saber dos outros. Esconder de você mesma o lixo acumulado em sua mente e em seu coração. Esse, atrapalha, lhe torna melancólica, macambúzia, chata, até.
A maturidade é um grande aprendizado para a vivência do silêncio. E a meditação nos ajuda a retirar, do silêncio, aquele lixo acumulado. Não imediatamente, pois o lixo que levou anos para se fixar alí, gerou sentimentos, atitudes, erros e acertos na vida. A depuração da nossa atividade mental vai acontecendo aos poucos, com dificuldades e também sofrimento.
Não acredito em quem afirma não ter problemas, angústias ou tristezas. Em quem faz apologia da risada eterna. Nada contra a risada. Ela lava a alma, renova o nosso ânimo e aumenta o nível de serotonina em nosso corpo. Mas a vida é feita de contradições, de altos e baixos que nos surpreendem e mexem com a nossa alma. Saber processar essa parafernália de sentimentos contraditórios é o desafio das pessoas sábias. E para isso é fundamental sair da turbulência e ir ao encontro de você mesmo. Fazer o caminho do filho pródigo de volta à casa do Pai, onde há alegria verdadeira, serenidade e paz. Que possamos fazer esse caminho mesmo que para isso seja necessário juntar os cacos que vão aparecendo subitamente nesse caminho de volta.