Três dias em Buenos Aires num circuito diferente dos que havia feito até então. Participando do Congresso Latinoamericao de Estudos Urbanos na Universidade Nacional de General Sarmiento (fora da cidade), pude conhecer as "cercanias" da cidade e explorar lugares ainda desconhecidos.
Saí do roteiro padrão do turista brasileiro. E comecei me hospedando no bairro Palermo (lembrando dos poemas de Jorge Luís Borges). Alí encontrei uma Buenos Aires cosmopolita, com seus encantadores parques, suas largas avenidas, seus aconchegantes cafés e restaurantes, sob uma temperatura média de 10 graus. Alí pude sentir a presença discreta do poder público a acompanhar passeio de crianças de escolas públicas, nos parques da cidade, assim como a politização do cidadão comum, o espírito cívico, a segurança nas ruas por onde passei e a solidariedade das pessoas em relação a causas humanistas. Pude sentir também a popularidade da presidente Christina e as mobilizações de diversos setores para sua reeleição.
Voltei bem impressionada com o que ví. E entendí a poesia de Borges:
Esta cidade que acreditei ser meu passado
é meu porvir, meu presente;
os anos que viví na Europo são ilusórios,
eu estava sempre (e estarei) em Buenos Aires.
quarta-feira, 31 de agosto de 2011
quarta-feira, 24 de agosto de 2011
Filha querida
Hoje é o aniversário dela e nós não estamos perto pra lhe fazer dengos. Mas estamos em pensamento e em energia. Estamos num abraço apertado que transmite amor, ternura e muito carinho.
Filha,
Parabéns pelos anos de vida bem vividos, mas acima de tudo, pela pessoa maravilhosa que você é.
Pela sua garra, seu pique para ultrapassar os seus limites com alegria... Parabéns pela corrida.
Parabéns pelo seu jeito de ser, seu espírito de doação,
Pelo seu sentido de família e pelo amor sem limite que você transmite a todos nós. Te amo!!!!!!
Estou em pleno aeroporto de São Paulo. Nos vemos no sábado...
Filha,
Parabéns pelos anos de vida bem vividos, mas acima de tudo, pela pessoa maravilhosa que você é.
Pela sua garra, seu pique para ultrapassar os seus limites com alegria... Parabéns pela corrida.
Parabéns pelo seu jeito de ser, seu espírito de doação,
Pelo seu sentido de família e pelo amor sem limite que você transmite a todos nós. Te amo!!!!!!
Estou em pleno aeroporto de São Paulo. Nos vemos no sábado...
terça-feira, 23 de agosto de 2011
O agosto da política
Algum tempo sem escrever, observando o tempo passar e o restinho da moralidade da política brasileira escorrer pelo ralo. Este foi um mês de revelação de casos de corrupção envolvendo a "fina flor" da política brasileira, aqueles que foram premiados pelos seus partidos com cargos altos na administração pública. Os escândalos envolveram ministros e todo o primeiro escalão dos ministérios dos transportes, agricultura e turismo, levando a queda de alguns ministros e o levante de alguns partidos em defesa de seus representantes ou de seu lugar na estrutura de poder. Partidos envolvidos nos escândalos, ameaçaram sair da base de apoio ao governo, caso houvesse alguma forma de retaliação.
Gente, o que é isso? Ao invés da vergonha (sentimento natural de qualquer pessoa quando descoberta cometendo um delito), bravata, prepotencia de quem se considera acima de todos os mortais. Hoje eu acho que o ministro Nelson Jobim quando criticou de forma velada os seus companheiros de governo (motivo da sua demissão), estava movido pela indignação diante do que observava ao seu redor.
A presidente, por sua vez, não consegue começar a governar, entendendo governo como o ato de tomar decisões que resolvam os problemas que afligem a população. No meio do tiroteio, tenta acomodar os interesses de seus aliados sem descuidar "um pouco" da moralização da estrutura sob o seu comando. Tarefa difícil.
O presidencialismo de coalizão, modelo que organiza a nossa vida política, tem seus problemas... Bom seria se as coalizões funcionassem apenas nos momentos eleitorais, para aumentar o capital político dos candidatos. Mas não é assim. As coalizões se estendem para o governo, e isso leva governadores e presidentes eleitos a ter que "dormir com os inimigos", não tendo muito controle sobre eles. Estes precisam ser considerados, parceiros, sedentos de poder e regalias...
Enquanto isso, as escolas, em muitos estados, estão paradas há mais de 60 dias, falta remédio nos hospitais e pronto-socorros, falta segurança nas cidades, as estradas estão intransitáveis (e o DNIT, eim?), e o povo....Ah, isso é apenas um pequeno detalhe...Até porque, o discurso dominante é que a economia vai bem. Que não há crise no Brasil.
Gente, o que é isso? Ao invés da vergonha (sentimento natural de qualquer pessoa quando descoberta cometendo um delito), bravata, prepotencia de quem se considera acima de todos os mortais. Hoje eu acho que o ministro Nelson Jobim quando criticou de forma velada os seus companheiros de governo (motivo da sua demissão), estava movido pela indignação diante do que observava ao seu redor.
A presidente, por sua vez, não consegue começar a governar, entendendo governo como o ato de tomar decisões que resolvam os problemas que afligem a população. No meio do tiroteio, tenta acomodar os interesses de seus aliados sem descuidar "um pouco" da moralização da estrutura sob o seu comando. Tarefa difícil.
O presidencialismo de coalizão, modelo que organiza a nossa vida política, tem seus problemas... Bom seria se as coalizões funcionassem apenas nos momentos eleitorais, para aumentar o capital político dos candidatos. Mas não é assim. As coalizões se estendem para o governo, e isso leva governadores e presidentes eleitos a ter que "dormir com os inimigos", não tendo muito controle sobre eles. Estes precisam ser considerados, parceiros, sedentos de poder e regalias...
Enquanto isso, as escolas, em muitos estados, estão paradas há mais de 60 dias, falta remédio nos hospitais e pronto-socorros, falta segurança nas cidades, as estradas estão intransitáveis (e o DNIT, eim?), e o povo....Ah, isso é apenas um pequeno detalhe...Até porque, o discurso dominante é que a economia vai bem. Que não há crise no Brasil.
quarta-feira, 10 de agosto de 2011
A realidade do mundo em que vivemos
Retirando a polícia da estória, essa é realidade da sociedade em que vivemos. Alguem sabe o percentural do orçamento do governo federal destinado a cultura? Não chega a 1%. E não venha dizer que cultura não enche barriga, não cura doenças. etc. etc. pois muito dinheiro público está escorrendo pelo ralo. Por isso, não me admira que vestidos sejam mais importantes do que livros, filmes, poesia...
terça-feira, 2 de agosto de 2011
Saudades de Têca
Hoje é dia de lembrar uma pessoa querida, uma pessoa muito especial..
Uma pessoa que, para mim, foi exemplo de sentimentos e atitudes muito raras nos dias de hoje. Por isso eu a amava tanto...a admirava tanto...
Uma pessoa que era o maior exemplo de humildade que eu já conhecí. Que não tinha vaidades, não gostava de privilégios, embora tivesse uma situação econômica que lhe possibilitasse desfrutar comodidades e regalias. Não, isso prá Teca não tinha qualquer sentido ou importância. Gostava de gente, mas, sobretudo, da gente simples do seu Acarí. Por isso preferia viajar para Natal, nos ônibus da linha, embora na sua casa não faltassem carros nem motoristas. Gostava do anonimato, de está no meio do povo, de ouvir as estórias das pessoas simples, de se sentir igual aquelas pessoas, sem qualquer distinção de condição econômica ou posição social...Por isso sua casa estava sempre aberta. E qualquer cidadão de Acarí sabia que podia nela entrar, sem constrangimentos, pois ela não sabia o que era diferença social.
Tinha o dom do acolhimento (certamente herdado da família de sua mãe) tão raro nos dias de hoje.
À sua humildade, somava-se o nobre sentimento da solidariedade. Amenizar o sofrimento dos outros era para ela uma missão de vida. O seu exemplo de doação aos velhos é difícil de ser esquecido, pois a história do abrigo de velhos de Acarí, é um pouco a sua história. Alí era a sua segunda casa e durante muitos anos, era do seu trabalho para angariar recursos, que dependia o sustento daquela instituição. Diariamente estava lá, junto aos seus velhos,conversando com todos e fiscalizando tudo, para que nada faltasse. Quantas feiras do abrigo foram pagas com o seu proprio dinheiro, sem que ninguém soubesse...Não, ela não era de fazer publicidade de sua bondade. Vaidade era uma coisa que não combinava com ela...Também não tinha vergonha de pedir ajuda, para o abrigo ou para a Igreja, no tempo da festa de Nossa Senhora da Guia.Vendia bolos, fazia rifa, organizava festas (onde permanecia na bilheteria), inventava mil estratégias para engordar, ora o cofrinho do abrigo, ora a tesouraria da festa da padroeira, que funcionava na sua casa. E ficava feliz quando via o resultado de seus esforços serem compensados.
Tinha uma grande paixão: a política, embora nunca tenha exercido qualquer mandato político. Mesmo assim, era uma líder nata ( herança maior de seu pai, Cipriano Pereira, antigo prefeito de sua cidade) e toda decisão do PMDB em Acarí, passava certamente pela sua casa.
A sua vida foi talhada na pedra bruta do sofrimento, desde tenra idade, quando perdeu a sua mãe. Sofrimento que lhe acompanhou pela vida a fora, até o fim dos seus dias. Sofrimento que, no entanto, ela sublimava tentando diminuir o sofrimento dos outros, pois era uma mulher forte, apesar de tudo mas,também, uma mulher de fé.
Penso nela quando leio o texto de Coríntios, sobre a caridade
A caridade é paciente, a caridade é bondosa. Não tem inveja. A caridade não é orgulhosa. Não é arrogante. Nem escandalosa. Não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não guarda rancor. Não se alegra com a injustiça, mas se rejubila com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
Ela se foi num dia 02 de agosto. Naquele ano, como lembrou Hudson no dia do seu falecimento, a festa de agosto começou mais cedo, pois Teca havia sido alçada ao trono dos justos e lá certamente conquistou a paz e a liberdade que tanto procurou.
Acarí precisa fazer justiça à essa mulher. O seu nome deveria estar gravado na fachada do abrigo de velhos, para que ela nunca fosse esquecida pelos seus conterrâneos, para que a sua bondade pudesse ficar gravada na história da cidade...
É o meu apelo. Um apelo de amor, de admiração e reconhecimento...
Uma pessoa que, para mim, foi exemplo de sentimentos e atitudes muito raras nos dias de hoje. Por isso eu a amava tanto...a admirava tanto...
Uma pessoa que era o maior exemplo de humildade que eu já conhecí. Que não tinha vaidades, não gostava de privilégios, embora tivesse uma situação econômica que lhe possibilitasse desfrutar comodidades e regalias. Não, isso prá Teca não tinha qualquer sentido ou importância. Gostava de gente, mas, sobretudo, da gente simples do seu Acarí. Por isso preferia viajar para Natal, nos ônibus da linha, embora na sua casa não faltassem carros nem motoristas. Gostava do anonimato, de está no meio do povo, de ouvir as estórias das pessoas simples, de se sentir igual aquelas pessoas, sem qualquer distinção de condição econômica ou posição social...Por isso sua casa estava sempre aberta. E qualquer cidadão de Acarí sabia que podia nela entrar, sem constrangimentos, pois ela não sabia o que era diferença social.
Tinha o dom do acolhimento (certamente herdado da família de sua mãe) tão raro nos dias de hoje.
À sua humildade, somava-se o nobre sentimento da solidariedade. Amenizar o sofrimento dos outros era para ela uma missão de vida. O seu exemplo de doação aos velhos é difícil de ser esquecido, pois a história do abrigo de velhos de Acarí, é um pouco a sua história. Alí era a sua segunda casa e durante muitos anos, era do seu trabalho para angariar recursos, que dependia o sustento daquela instituição. Diariamente estava lá, junto aos seus velhos,conversando com todos e fiscalizando tudo, para que nada faltasse. Quantas feiras do abrigo foram pagas com o seu proprio dinheiro, sem que ninguém soubesse...Não, ela não era de fazer publicidade de sua bondade. Vaidade era uma coisa que não combinava com ela...Também não tinha vergonha de pedir ajuda, para o abrigo ou para a Igreja, no tempo da festa de Nossa Senhora da Guia.Vendia bolos, fazia rifa, organizava festas (onde permanecia na bilheteria), inventava mil estratégias para engordar, ora o cofrinho do abrigo, ora a tesouraria da festa da padroeira, que funcionava na sua casa. E ficava feliz quando via o resultado de seus esforços serem compensados.
Tinha uma grande paixão: a política, embora nunca tenha exercido qualquer mandato político. Mesmo assim, era uma líder nata ( herança maior de seu pai, Cipriano Pereira, antigo prefeito de sua cidade) e toda decisão do PMDB em Acarí, passava certamente pela sua casa.
A sua vida foi talhada na pedra bruta do sofrimento, desde tenra idade, quando perdeu a sua mãe. Sofrimento que lhe acompanhou pela vida a fora, até o fim dos seus dias. Sofrimento que, no entanto, ela sublimava tentando diminuir o sofrimento dos outros, pois era uma mulher forte, apesar de tudo mas,também, uma mulher de fé.
Penso nela quando leio o texto de Coríntios, sobre a caridade
A caridade é paciente, a caridade é bondosa. Não tem inveja. A caridade não é orgulhosa. Não é arrogante. Nem escandalosa. Não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não guarda rancor. Não se alegra com a injustiça, mas se rejubila com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
Ela se foi num dia 02 de agosto. Naquele ano, como lembrou Hudson no dia do seu falecimento, a festa de agosto começou mais cedo, pois Teca havia sido alçada ao trono dos justos e lá certamente conquistou a paz e a liberdade que tanto procurou.
Acarí precisa fazer justiça à essa mulher. O seu nome deveria estar gravado na fachada do abrigo de velhos, para que ela nunca fosse esquecida pelos seus conterrâneos, para que a sua bondade pudesse ficar gravada na história da cidade...
É o meu apelo. Um apelo de amor, de admiração e reconhecimento...
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