O Rio Grande do Norte está vivendo uma séria crise política motivada pelo rompimento do vice-governador Robson Faria com a titular da pasta. Crise que, no seu estopim, jogou lama nas relações pessoais e políticas dos dois principais personagens do executivo estadual. Crise que não é, nada mais nada menos, resultado das alinhavadas costuras políticas feitas pelos nossos políticos no afã da eleição a qualquer custo. Senão, vejamos...
O deputado Robinson, após alguns mandatos na presidência da Assembléia Legislativa, tendo consolidado sua liderança política no estado e alçado o seu filho à Câmara Federal, tinha objetivos claros de chegar ao Palácio do Governo em 2010, após ser o candidato mais votado na eleição de 2006, com votação espalhada por todo o estado. Era um antigo aliado da ex-governadora Vilma de Faria, e presidia um partido (PMN) criado por ele, em nosso estado, para acomodar os seus interesses políticos e escapar do jugo dos "donos dos partidos" tradicionais. Apesar da sua fôrça eleitoral, nos arranjos políticos visando 2010, é preterido no seu grupo de aliados em favor do então vice-governador Iberê Ferreira de Sousa, escolhido pela ex-governadora para sucedê-la. O rompimento com o PSB acontece e o deputado vai procurar abrigo nos braços do DEM, apesar do seu partido fazer parte da base de apoio do governo Lula e o seu filho Fábio exercer uma liderança no grupo de apoio ao governo. Está junto com o DEM já na eleição de 2008 em Natal, no grupo de apoio da candidata Micarla de Souza ( candidata que o presidente Lula - seu aliado, queria derrotar). Coisas da política. Sou amigo lá e inimigo aquí. Sem problemas... Dessa forma o deputado se credencia a participar da chapa do DEM para o governo do estado, na eleição de 2010, na condição de vice da candidata Rosalba Ciarlini, que assume com ele (conforme ele anunciou à imprensa) o compromisso de apoiá-lo para o senado federal em 2014.
Do outro lado, a governadora Rosalba, que saindo de dois mandatos na prefeitura de Mossoró é vitoriosa na eleição para o Senado em 2006, pelo DEM, e começa a consolidar a sua história de liderança política no Rio Grande do Norte, com o apoio do senador José Agripino Maia. Em 2010, na disputa para o governo do estado, precisa de Robinson, para conquistar o eleitorado de algumas regiões do estado e para aproximar o seu governo do governo federal, que tem o partido de Robson como aliado. Isso porque, o DEM vai pouco a pouco assumindo a condição de inimigo número 1 do governo federal e isso representa um problema na busca de recursos para um estado em grave crise econômica. O problema que aparece em seguida à eleição é que o partido de Robinson é um partido menor na aliança governamental e a governadora precisa buscar apoios mais sólidos e com mais poder. É aí que entra em cena o PMDB, que em 2010 esteve "partido" na eleição para o senado. O senador Garibaldi Filho já estava com Rosalba e Agripino em 2010 numa aliança com vistas à sua reeleição, enquanto o deputado Henrique Alves apoiava o candidato do PSB e fortalecia a sua condição de aliado do governo Lula com a indicação do seu amigo Michel Temer a vice-presidência da República. Este último, tendo consolidado uma posição de destaque na base governista nacional, com a promessa de assumir a presidência da Câmara Federal, começa a pensar mais alto e esboça o projeto de chegar ao Senado em 2014. É aí que a governadora entra e cena tornando-o aliado de "segunda hora" e criando as condições do apoio ao seu nome para o senado, nas próximas eleições, em detrimento do acordo feito com o seu vice Robinson que começa a demonstrar o seu descontentamento e passa a ser "escanteado" na estrutura de governo do qual fazia parte.
O desfecho dessa estória todo mundo sabe...
O resultado é que temos uma estrutura de governo fragilizada (crise entre a governadora, o vice, e o principal secretário de governo), uma equipe agora, sem comando, e no meio de tudo isso, declarações desastrosas que tentam explicar a crise pela força que o marido da governadora tem na estrutura de poder. Pode até ser, mas as razões da crise são mais profundas e podem ser encontradas no "imbróglio" político eleitoral construído pelos nossos representantes na busca de reeleição. Que não conhece compromisso, fidelidade, e acima de tudo ética.
O jeito é esperar para ver para onde estamos caminhando....
É por isso que, no nosso país, ser político é sinônimo de agradar a todos sem desagradar ninguém. Triste. Muito triste.
ResponderExcluirE eu me pergunto: vou dar meu plantao de 24h amanha? Ficar sentada no sofá esperando a morte chegar? Andar de bicicleta por sampa e fingir q nada acontece? Bem, acho melhor ir p o plantao. Pq um médico a menos é fila de espera a mais. E é só no pronto socorro que o brasileiro canta de galo pq pra toda essa vergonha política, todo mundo fica mais é pra pinto.
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