domingo, 5 de junho de 2011

O fim da política?

Lendo essa semana uma entrevista com o deputado Antônio Carlos Magalhães Neto, publicada na revista Época, fiz uma viagem no tempo lembrando-me de alguns grandes mestres das ciências sociais que foram meus professores. Lembrei sobretudo de Otávio Ianni, quando ele chamava a atenção, em suas aulas, para a importância do conflito para a mudança social.

Diz ACM Neto:
A política basileira vive a síndrome do adesismo. Muitos (políticos) se dirigem a mim envergonhados: Olha, gosto de você, gosto dos meus amigos de partido, devo muito ao Democratas, no entanto eu só vou sobreviver se virar governo.
Interessante ouvir isso de alguém que só virou oposição no governo Lula. Que sempre esteve ao lado dos governistas, desde o tempo dos militares, mas isso não invalida a sua afirmação de que
Uma democracia forte não se sustenta sem uma oposição combativa, aguerrida, que tenha clareza do seu papel. 
E reconhece:
O PT foi menor do que o DEM é hoje e, no entanto, teve um projeto claro, soube ir para as ruas e soube conquistar o poder.

Continuo a pensar na quantidade de pensadores que passaram pela minha formação e que ressaltavam o conflito, a diferença, como fermentos da transformação, ou como "motor da história". De Stuart Mills a Marx, de Simmel a Touraine, passando recentemente por Bobbio e Przeworski. Todos defendem a tese de que Através dos conflitos, surgem as mudanças e se realizam os melhoramentos. Conflito é vitalidade (Bobbio). A literatura sobre Movimentos Sociais está marcada por essa posição.

Na política, é a existência da oposição que produz a mobilização das forças sociais, é a existência de oposição que produz o debate que constrói, é a existência de oposição que possibilita a alternância no poder, marca indelével da democracia.
Sem oposição é o fim da política?

Um comentário:

  1. A oposição segue existindo e atuando. Mas se eles não conseguem convencer a maioria dos eleitores que sua proposta é a melhor e ainda por cima cometem erros políticos triviais, paciência. Meu lema nessas questões, sobretudo em matéria de competição eleitoral, é: eles que se virem.

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