domingo, 22 de maio de 2011

O crepúsculo dos nossos pais


Uma coisa difícil para os de minha geração é a constatação que nossos pais estão indo embora. Nos últimos anos quantos amigos compartilharam comigo a luta travada pelos seu pai e sua mãe contra os males da velhice, principalmente os "novos males": o Parkson e o Alzheimer.
Como é difícil para todos nós vivenciarmos a transformação dos papéis, ver os nossos pais se transformarem em nossos filhos, pela fragilidade que demonstram, pela incapacidade crescente de realizar as coisas mais banais e pela confusão que se instala em suas mentes. Sim, esse é um momento difícil, pois costuma nos tirar da "zona de conforto" em que vivemos, para assumirmos papéis nunca antes imaginados. Para retribuir amor. Para exercitar a capacidade de doação que os pais têm em relação aos filhos e que você talvez nunca tenha imaginado exercitá-la com sua mãe ou seu pai.
É natural escutarmos coisas como: não tenho paciência, dá muito trabalho, é incoveniente.... E aí eu lhe pergunto: Você não deu trabalho? não foi incoveniente uma única vez na sua vida? Seus pais desistiram de você por isso?
Minha mãe já se foi, mas aprendí com a longa viagem de seu Mal de Alzheimer que aquele era o momento de lhe devolver uma parte da alegria de viver que eu lhe devia. Até então eu recebia dela muito mais do que dava e era preciso devolver a ela com todos os juros do mundo, todo o amor que ela havia me dado.
Infelizmente não houve tempo suficiente para isso...    
    

3 comentários:

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  2. O texto tá lindo, mãe... Com certeza, voinha ficou feliz e orgulhosa por ter você, como sempre. Porque a sua gratidão não é só sentida ou falada. Ela é lindamente expressa em gestos... O seu amor é solidário, palpável, concreto e demonstrado por atitudes nobres e admiráveis. Te amo demais.

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  3. Como foi triste ver mamãe se ausentando aos poucos de nossas vidas...mas sintia que tinha poucos minutos de lucidez quando olhava para agente ternamente e deixava cair um lágrima. Lágrima esta que para mim significava AMOR, SAUDADE E RESIGNAÇÃO. Lembra que na hora de sua morte, cercada por todos os filhos que seguravam sua mão, uma lágrima desceu no canto dos seus olhos, esta para mim significou VOU EM PAZ...Como tenho saudades de mamãe...quantas vezes penso que vou vê-la à tarde...Mas, minha irmã sei que nunca poderíamos retribuir o MUIIITO que mamãe fez por nós, mas tenho certeza que ela partiu feliz com agente porque sempre ficamos perto dela em seus últimos anos de vida, fomos amigas, companheiras, filhas e não deixamos faltar nada, principalmente o nosso AMOR, a nossa dedicação. Lá do céu ela continua velando por nós...aqui continuamos a AMÁ-LA MUITO....e sentindo sua falta. É triste o crepúsculo de nossos pais...

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